terça-feira, 14 de agosto de 2007





…E tambem não é verdade que existem coisas de loiça branca como as que a gente viu uma vez nos catálogos.
Winfield olhou-a com gravidade. Apontou para o departamento sanitário-
-Ali dentro, hein?
-Não sei. Sou uma mentirosa de alto lá com um charuto. Para que é que hei-de contar-te coisas?
-Vamos lá ver - propôs winfield.
-Eu já lá estive - Afirmou Ruthie.- Já me sentei em cima daquela louça e até mijei nela.
-Tu não fizeste nada disso - contradisse winfield.
Foram até às instalações sanitárias e, desta vez, Ruthie não sentiu medo. Corajosamente, conduziu o irmão até ao interior do departamento. As retretes seguiam-se em fila a um lado da grande sala e cada uma delas formava um compartimento isolado e tinha a sua porta. A porcelana branca rebrilhava. Na parede fronteira, corria uma fila de lavatórios, enquanto na terceira parede havia três compartimentos com chuveiros.
-Estás a ver? – Disse Ruthie. São as bacias que a gente viu naquela catálogo. – Aproximaram-se os dois de uma das bacias e Ruthie , num acesso de bravura levantou a saia e sentou-se nela. – Não te contei que já aqui estive? – Disse. Como para confirmar o que dizia , ouviu-se um murmúrio de água dentro da retrete.
Winfield ficou embaraçado. A mão dele movimentou a alavanca da água. A água precipitou-se num tumulo. Ruthie deu um salto e saiu a correr. Um pouco afastados, ela e winfield ficaram-se a olhar o compartimento misterioso. O silvo da água correndo persistia.
-Vés o que tu fizeste? – fez Ruthie. – quebraste aquilo. Eu bem vi.
-Não quebrei nada. Palavra de honra que não.
-Eu vi, sim- disse Ruthie. –Não se te pode mostrar nada bonito, que tu não tenhas logo vontade de escangalhar tudo!
Winfild baixou a cabeça . Olhou para Ruthie e os seus olhos encheram.se de lágrimas. Tremia-lhe o queixo e Ruthie arrependeu-se imediatamente.
Não faz mal – disse ela.- Eu não digo nada a ninguém. A gente diz que aquilo já estava quebrado. Não é melhor dizermos que nem estivemos aqui. –Levou o irmão para fora do departamento.

-Mãe a senhora já viu? Ali há umas bacias brancas, muito bonitas.
- Estiveste lá dentro? Perguntou a mãe.
-Sim. Eu e o Winfield- disse, acrescentando traiçoeiramente:- Mãe, o winfield quebrou uma daquelas bacias.
-Winfield corou e olhou para Ruthie com raiva.
-E ela mijou na bacia- disse maldosamente.
A mãe sentia-se apreensiva.
-Que é que vocês andaram a fazer? Venham mostrar-me, andem!_ Fê-los entrar no departamento. _Que é que vocês fizeram?- Perguntou.
Ruthie apontou com o dedo.
-Foi ali. Fazia che…che, mãe. Mas agora já parou.
-Mostra o que fizeste!- Mandou a mãe.
Relutante, Winfield dirigiu-se para a bacia.
-Não puxei com força- disse. _ Só agarrei aquilo e…
A água tornou a cair com força na retrete.
Winfield deu um salto para o lado.
A mãe riu, atirando a cabeça para trás. Ruthie e winfield observavam-na ressentidos.
-Mas é assim mesmo que isto funciona- explicou a mãe.
- Eu já tinha visto isso. Quando se acaba, puxa-se o botão.

-Eu estava lá dentro quando entrou uma senhora e começou a tomar banho. A senhora sabe como é que se faz? A gente entra numa coisa que parece um balcão, mas pequeno-sabe?- e lá dentro dá-se volta a uma rodinhae a água começa a cair em cima da gente. Àgua quente ou fria, conforme a gente quiser. Eu vi como se fazia e depois fiz o mesmo.
…”

Jonh Steinbeck em As vinhas da ira

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